O Arthur fez 3 meses essa semana! E como passou rápido! Há muito tempo queria compartilhar com você minha experiência de gravidez no Canadá e o começo da maternidade, mas faltava tempo para deixar registrado por aqui. Essa rotina do comecinho (se é que podemos chamar de rotina) é super puxada, ainda mais para uma mamãe de primeira viagem :)
Vamos lá, puxa uma cadeira aí que a história é longa! Rs
Antes deixa eu te explicar rapidinho sobre o sistema de saúde canadense para voce entender melhor a história. Aqui existe um médico de família chamado “family doctor” e é a ele que vamos num primeiro momento, em qualquer caso. Ele te analisa e só se houver necessidade, te encaminha para um especialista. Com a gravidez não é diferente – a gente só é encaminhada para uma obstetra após 3 meses, quando o risco de aborto natural é menor e a gravidez já “firmou”. E nem adianta pular etapas e ir direto a uma ginecologista por conta própria porque ele não atende sem uma carta de referência do family doctor.
Comigo foi assim – logo que descobri que estava grávida marquei consulta com meu médico da família. Ele me pediu exame de sangue e urina, que fiz na hora, no próprio consultório, para confirmar a gravidez. Em seguida perguntou se eu gostaria de ser acompanhada por uma ginecologista obstetra ou por uma midwife. Respondi “ginecologista” e achei que seria tudo muito simples – ele faria a tal carta de recomendação e depois de três meses eu teria minha primeira consulta com a médica. Mas não foi bem assim.
Tive alguns sangramentos nesse trimestre inicial. Voltei ao family doctor algumas vezes e como ele sempre dizia que era normal (sangramentos são mesmo muito comuns no início da gravidez), resolvi ir ao hospital por conta própria. Por la, por causa das cólicas que andava sentido, resolveram fazer um ultra-som endovaginal e, graças a Deus, estava mesmo tudo bem.
No terceiro mês finalmente (imagina a ansiedade) conheci a médica! Um doce de pessoa que gostei desde o princípio. Mas logo nos primeiros exames de rotina fomos surpreendidos com uma notícia que me deixou muito triste e preocupada – a de que existia uma taxa alta de AFP no meu sangue… AFP é uma proteína produzida somente pelo feto e taxas altas dessa proteína no sangue da mãe podem significar um problema gravíssimo no bebê (desde alguma Síndrome até um problema de má formação genética). Meu mundo desabava a cada palavra que a médica falava sobre essa tal AFP…
Foram dias bem difíceis.. fiz outro exame de sangue e fui encaminhada então para uma equipe de especialistas em genética. Lá me pediram, além de um ultra-som mais detalhado, um exame do líquido aminiotico (é um exame que põe uma agulha no útero e “puxa” o líquido que esta la para ver se o problema é mesmo no bebê ou no sangue da mãe). Se dói? E como! Mas só pensava no meu bebê, o que diminuía qualquer dor… Foram mais duas semanas de nervoso e ansiedade até sair o resultado: não era nada com o bebê e sim com minha placenta, que não estaria “funcionando” muito bem. Fiquei bem mais aliviada!
A equipe da genética então se despediu e me encaminhou para um especialista em placenta. E começou outra bateria de exames, mas dessa vez eu estava mais calma.
Depois de um longo ultra-som, o especialista em placenta me explicou que eu tinha o menor dos menores dos problemas mas que, resumindo a história, muito provavelmente eu não conseguiria completar as 40 semanas de gravidez. Mas o que importava era que o bebê estava super bem!
Finalmente voltei para a ginecologista. Ela então me disse que, por causa da minha placenta, minha gravidez seria feita de metas. E que a primeira meta seria completar 28 semanas. Se precisasse, ela faria o parto antes das 40 semanas para o bem do bebê (era como se a placenta não tivesse passando a quantidade necessária de nutrientes para o bebê, o que poderia fazer com qque ele não se desenvolvesse no tempo certo). Passei a fazer ultra sons a cada 15 dias e a vê-la também a cada 15 dias. Fui classificada como uma gravidez de risco (só para você ter ideia, aqui no Canadá para uma gravidez “normal” só é pedido dois ou três ultra sons).
Apesar de toda a ansiedade quinzenal, passei a me sentir mais tranquila, afinal, se alguma coisa desse errado (se o bebê não estivesse dentro do gráfico esperado de crescimento), o máximo que poderia acontecer era um parto prematuro. Fez as contas? Só consegui me sentir “tranquila” após a 28ª semana de gravidez… mas estava feliz e me sentindo muito bem amparada pelo sistema de saúde. Só consegui voltar a fazer coisas simples como pensar no nome do meu filho ou planejar o enxoval depois da 28º semana do bebê…
Ah, eu já sabia desde o início que era um menino. Apesar de aqui só falarem o sexo na décima semana, eu aproveitei uma ida ao Brasil no comecinho da gravidez e fiz exame de sangue para descobrir o sexo.
Voltando a história. Estava tudo indo bem. Só que quando completei a 33ª semana comecei a ter pressão alta e a tomar remédio para controlar a pressão (na verdade era o probleminha da placenta já anunciado lá no comecinho).
Na 35ª semana, a médica achou melhor monitorar ainda mais de perto o crescimento do bebê. Passei a ir ao hospital duas vez por semana, toda terça e sexta. Fazia um exame chamado NST (Non Stress Test) para checar minha pressão e os batimentos cardíacos do bebê e um ultra-som com Doppler para ver como estava o líquido da placenta.
Essa rotina só durou duas semanas… Arthur mostrou um crescimento lento, minha pressão atingiu o limite para grávidas e a médica decidiu fazer o parto com 37 semanas. Era uma pré eclampsia. Marcamos a cesárea.
Eu estava muito nervosa! Mas no dia 10 de setembro, Arthur nasceu cheio de saúde, sem nenhuma complicação! Foram só dois dias de UTI para melhorar a respiração dele. A cirugia foi um sucesso! Depois de 5 dias no hospital, minha pressão voltou ao normal e estávamos prontos para ir para casa.
Foi uma gravidez tumultuada, pautada por um misto de medo, ansiedade e ao final, por um sentimento de vitoria e gratidão à Deus.
Não tenho do que reclamar do sistema de saúde canadense. O que tenho para dizer? Eles não fazem rodeios para dar uma notícia. São muito objetivos. Tenho amigas brasileiras que engravidaram aqui e sentiram falta de uma quantidade maior de ultra-sons, comparado com o Brasil. Mas o que percebi é que aqui, no menor sinal de problema, mesmo que seja uma hipótese bem pequena, eles vão investigar a fundo e fazer todos os exames necessários. Mas só se houver necessidade. Aqui não tem muito essa história de “rotina”.
È bem diferente do Brasil. Fora as diferenças na maternidade. Em geral, me senti muito bem acompanhada, entendi todas as hipoteses levantadas e o motivo dos exames. Tenho muito o que agradecer à Deus e aos médicos que me atenderam e cuidaram da minha familia. Arthur está lindão e crescendo a cada dia! Estou amando ser mãe e as descobertas da maternidade… e já temos muito assunto para uma próxima matéria :)
Lucilene
2 de janeiro de 2019 at 21:57Oi! Meu nome é Lucilene!
Eu não queria ser indiscreta, mas fiquei curiosa a respeito da gravidez. Com quantos anos você engravidou? Você tinha o hábito de fazer atividade física antes da gravidez? Digo isso pois estou chegando nos 30 e ainda não sou mãe. Pensando nisso, me preocupo principalmente com hábito de fazer exercícios pra me manter sempre saudável.
Beijos! E obrigada :)
Eduarda Santos
5 de fevereiro de 2019 at 19:18Oi Lucilene! Engravidei com 34 anos. Fazia pouco exercício antes de engravidar… caminhava as vezes. Mas sei bem da importância dos excercicios e hoje estou bem mais ativa :)
Eduarda Cristina Lopes
7 de julho de 2019 at 00:50Espero que o Arthur cressa com muita saúde , disposição, nunca imaginaria que o sistema de saúde do Canadá era tão diferente do Brasil . E que deu para perceber eles acompanham a gestação até o último mês, semana e dias .
Se vc morasse aqui no Brasil não teria tanta rapidez se fosse num sistema de saúde publico (alias o sistema de saude de SC está muito bom ) .
Eduarda Santos
18 de julho de 2019 at 00:24Obrigada! So tenho a agradecer a Deus :)
Eduarda Cristina Lopes
7 de julho de 2019 at 00:49Espero que o Arthur cressa com muita saúde , disposição, nunca imaginaria que o sistema de saúde do Canadá era tão diferente do Brasil . E que deu para perceber eles acompanham a gestação até o último mês, semana e dias .
Se vc morasse aqui no Brasil não teria tanta rapidez se fosse num sistema de saúde publico (alias o sistema de saude de SC está muito bom ) .