A cozinha vai muito além de armários e revestimentos de encher os olhos. Levando em conta que esse é um dos ambientes da casa que mais pede funcionalidade e praticidade no dia a dia, a escolha certa dos eletrodomésticos é primordial para facilitar a rotina.
Entusiasta pela evolução dos equipamentos que a indústria tem desenvolvido, a arquiteta Júlia Guadix, do escritório Liv’n Arquitetura, acompanha as novidades e analisa as características dos modelos e as necessidades de cada residência para especificar em projeto. Com tantas opções no mercado, ela condiciona como o primeiro passo o preparo de uma lista com os itens que não podem fazer na cozinha. “Em um projeto de cozinha, sempre começamos com a escolha dos eletrodomésticos. Assim conseguimos adequar a parte elétrica e a marcenaria de acordo com as necessidades de cada aparelho”, explica Júlia.
O papel do arquiteto
A profissional coloca como papel do profissional o suporte para avaliar questões técnicas como medidas para o planejamento da marcenaria e o posicionamento das tomadas. Além disso, observar as voltagens que estão diretamente relacionadas ao quadro de energia da casa é essencial. Além disso, uma interrogação final colocada por Júlia deve ser respondida sem nenhuma dúvida: as aquisições se encaixarão, e sobretudo atenderão a rotina dos moradores?
A seguir, acompanhe o check list preparado pela arquiteta:
Geladeira:

Quando o assunto é a escolha da geladeira, Júlia logo enfatiza que o modelo deve apresentar a tecnologia Frost Free. Isso porque o sistema de refrigeração controlado eletronicamente garante a não formação de gelo nas paredes e elimina o degelo. Quanto às medidas, é preciso levar em conta não apenas o vão de encaixe, mas também o espaço para ‘respiro’ do eletrodoméstico, que é indicado no manual do produto elaborado pelos fabricantes. Além disso, é importante analisar o espaço para abertura das portas.
Os modelos com freezer invertido se tornaram uma grande vantagem em função da praticidade e do conforto para a abertura da porta do refrigerador. “Gosto muito das versões inverse, que trazem o freezer na parte de baixo do aparelho e permite que os itens da área mais usada – o refrigerador – fiquem aos olhos do usuário”, destaca a arquiteta. Como adicional, alguns modelos com tecnologia inverter também garantem menor consumo de energia elétrica, sem reduzir a eficiência de performance.
Como adicionais, os modelos mais recentes ainda agregam funções como produção de gelo automático e água fresca – diretamente na porta. “Imagina nunca mais encher uma garrafa de água ou forminhas de gelo? É um dos meus sonhos de consumo!”, brinca a arquiteta.
Linha branca ou acabamento inox? Essa é uma dúvida que paira na mente dos consumidores em função da durabilidade. De maneira geral, ambos oferecem a mesma longevidade em função dos cuidados semelhantes: limpeza com pano macio e detergente neutro, sem a utilização de nenhum produto abrasivo. “Em geral, dou preferência para os acabamentos de inox, que além de conferir modernidade e elegância aos ambientes, envelhecem melhor. As geladeiras brancas possuem elementos em plástico branco que amarelam com o tempo e denunciam a idade do equipamento. Em nenhum dos dois acabamentos recomendo a bucha dupla face para não aparecerem riscos indesejados”, esclarece Júlia.
Cooktop e Forno:

As cozinhas atuais seguem com a tendência de posicionar cooktop e forno de forma separada. Em relação à fonte de energia – a gás (por botijão ou natural, de forma encanada) ou elétrico – são definidos de acordo com a preferência dos clientes, como pelas condições oferecidas no projeto.
A arquiteta revela a predileção pelo sistema elétrico, já que a indução se traduz como mais eficiente e seguro na rotina diária. “Fico muito mais tranquila de pensar que a ‘boca’ desse cooktop só esquenta quando a panela está posicionada no local”, diz a arquiteta. Além disso, esfria mais rápido e é muito prático para limpar, já que não apresenta os relevos do fogão tradicional, os bocais e as grades. O modelo também é muito vantajoso em projetos como extensão da bancada.
Olhando para os fornos, Júlia também avalia os elétricos como mais apropriados, pois promovem aquecimento uniforme e descomplica o acendimento e controle da temperatura. Os modelos de embutir, que podem ser elétricos ou a gás, se revelam mais ergonômicos. Isso porque eles podem ser colocados na marcenaria em uma altura que facilita o manuseio na colocação e retirada de assadeiras e refratários. “Poder integrar cooktop e forno aos móveis e bancada, além de trazer uma estética muito elegante e contemporânea, ainda otimiza a área útil, já que em muitas situações a cozinha é pequena. Separar o forno e o cooktop também permite montar um layout mais funcional e com circulação melhor dentro da cozinhal”, enfatiza Júlia.
Ponderar todos esses detalhes permite realizar as adequações indicadas pelos fabricantes em relação à fiação e aos disjuntores, no caso do elétrico, assim como providenciar as condições para a conexão com o gás.
Micro-ondas:

Foi-se o tempo que o micro-ondas era utilizado somente para esquentar pratos e estourar pipoca. Essencial para o bom funcionamento da cozinha, o tamanho, em litros, deve ser avaliado antes da compra. Para casais ou para quem mora sozinho, a arquiteta indica um modelo de 20 a 25 litros. Porém, se a ideia for fazer preparos maiores e a se casa apresentar mais habitantes, a indicação é por versões acima de 30 litros.
Por se tratar de um aparelho com diferentes funções e potências, é preciso avaliar as novas opções existentes, como o grill, para dourar e gratinar, e a função Air Cook, que realiza a fritura de alimentos com o ar quente. “A evolução é tão grande que o mercado oferece modelos que mantém os pratos aquecidos e também tiram o odor depois de estourar uma pipoca”, brinca Júlia.
Sobre sua colocação na cozinha, o modelo de embutir configura-se como esteticamente mais bonito, mas registra um preço superior ao tradicional e demanda um móvel planejado e de acordo. O modelo de mesa é mais acessível e conta com a praticidade de precisar apenas de um apoio e uma tomada.
A instalação do micro-ondas também pede atenção especial. Isso porque a altura correta permite que o usuário possa enxergar por completo o interior do eletrodoméstico e retirar o prato quente sem o risco de queimaduras ou de derrubar sobre si. Para tanto, utilize a referência de 1,40m entre o piso e a base do aparelho ou verifique a melhor altura com vistas a garantir acessibilidade e segurança para pessoas de menor estatura ou com necessidades especiais.
Lava-louças:

Item essencial para quem quer economizar água e ficar menos tempo arrumando a cozinha, a máquina de lava-louça tem ganhado cada vez mais espaço nos projetos e deve ser escolhida de acordo com o tamanho da família. A redução do consumo do recurso hídrico pode alcançar a marca de até 85%, principalmente quando é ligada em sua capacidade máxima.
Quanto menor a família, menor as dimensões da máquina e o tempo para encher e ativar o início da lavagem. “Para duas pessoas, recomendo as máquinas de oito ou 10 serviços”, expõe a arquiteta
Com dois modelos no mercado, o de piso e o de apoio, a opção interfere diretamente na execução dos armários e suas bases de alvenaria. Definir, de antemão, a máquina de lavar louças permite efetuar os pontos de água fria e de esgoto. Além disso, permite prever o disjuntor exclusivo no quadro de luz e considerar o espaço para colocação dentro da marcenaria.
Coifa:

Com a integração de ambientes, a coifa passou a ser item fundamental no projeto devido à sua capacidade de filtrar a gordura e eliminar os odores dos alimentos.
Muitos pormenores devem ser levados em conta antes de determinar a coifa certa para o projeto. Tanto no exaustor quanto no depurador, a gordura é retida nos filtros metálicos que visualizamos de baixo para cima. A diferença está no processo: enquanto o exaustor joga os odores e vapores para o exterior por meio de um duto, o depurador leva esse ar para um filtro de carvão e o devolve ao ambiente, eliminando a necessidade do duto de ar.
“Mas para ser eficiente, a vazão da coifa precisa ser capaz de renovar o ar do ambiente 12 vezes em uma hora. E, caso seja cozinha americana, é preciso levar em consideração a área do ambiente todo. Ou seja, quanto maior o ambiente, maior deve ser a vazão da coifa”, informa Júlia.
O tamanho da coifa também gera muitas dúvidas. O modelo precisa ter comprimento igual ou superior ao cooktop/fogão e deve ser instalada com 65 a 75 cm de altura acima destes para plena eficiência da sucção da gordura, vapores e odores.
Por fim, o projeto ainda deve considerar se a escolha se dará por meio da coifa de parede, de ilha e de embutir – que fica quase invisível e deixa o visual clean.
Esse foi o tema desenvolvido pela nossa arquiteta convidada. Quer ver mais sobre nossos convidados? Confira aqui.
Fabio Paes
27 de dezembro de 2020 at 13:54Bom dia ,estou decorando minha cozinha e estou em duvida a respeito dos eletrodomésticos pois comprei microondas,geladeira e coifa na cor inox ,ficaria fora de padrão se o fogão fosse preto?